quarta-feira, dezembro 28, 2011

Comentário de Livro Bíblico: 1 Samuel

Está no Portal Evangélico Compartilhando Na Web 30/07/2007.

Autoria e Data
O autor de 1 Samuel não é nomeado no livro, mas é provável que Samuel ou tenha escrito ou fornecido a informação para o livro. Lembramos sempre a questão de direitos autorais no mundo antigo: autor não é só quem de fato escreveu, mas é aquele que começa a contar a história.
  
Mas algo que fortalece a ideia de que o autor de 1 Samuel é o próprio Samuel (pelo menos de boa parte do texto - antes de sua morte): o texto de 1 Crônicas 29.29.
  
Por causa da referência à cidade de Ziclague, que “pertence aos reis de Judá, até o dia de hoje” (27.6), e por outras referências a Judá e a Israel, concluímos que 1 Samuel foi terminado depois da divisão da nação em 931 a. C. Além disso, como não há menção à queda de Samaria em 722 a. C., deve ser datado antes deste evento. 
   
O livro
Israel havia sido governado por juizes que Deus levantou em momentos cruciais da história da nação. Mesmo assim, a nação havia se degenerado moralmente e politicamente. Havia estado sob a investida violentas e desalmadas dos filisteus.
  
Em meio a essa confusão política e religiosa, surge Samuel, concebido milagrosamente, filho de Ana. Ele pode ser considerado definitivamente como o último juiz de Israel que, além disso, inaugurou o período dos profetas mais reconhecidos na nação, após ungir o rei. Da mesma forma que sua mãe teve motivos para se alegrar com seu nascimento, toda a nação de Israel teria no futuro motivos de sobra para se alegrar com tal homem colocado por Deus no meio do povo.

Mas não foi bem assim. A nação continuou com seus "altos e baixos" na questão moral e espiritual. Os próprios filhos de Samuel não refletiam seu caráter piedoso, a ponto do povo não ter confiança neles.
  
Assim, de acordo com o passar dos dias e como Samuel envelhecia, o povo passou a pressionar para que lhes desse um rei, alguém que comandasse a nação, que a fizesse forte. Com relutância, depois que recebe de Deus a confirmação, ele acaba cedendo.
  
Dessa forma, Saul, homem vistoso e carismático, é escolhido para tornar-se o primeiro rei. Mas não teve paciência de esperar pelo agir do Senhor. Exatamente por conta de sua impaciência, exerceu funções sacerdotais, em vez de esperar por Samuel. Depois de desprezar os mandamentos de Deus, foi rejeitado por Ele. 
  
Após essa rejeição, Saul tornou-se uma figura trágica, consumida por ciúme e medo, perdendo gradualmente a sua sanidade. Gastou os seus últimos anos numa incansável perseguição a Davi (que antes havia sido alguém que ajudara a acalmá-lo em momentos de angústia e opressão, através da música), pelas regiões montanhosas e desérticas do seu reino, num desesperado esforço, buscando matá-lo. Davi, no entanto, encontrou um aliado em Jônatas, filho de Saul. Ele advertiu Davi sobre os planos do seu pai para matá-lo. Finalmente, depois que Saul e Jônatas são mortos em batalha, o cenário está pronto para que Davi se torne o segundo rei de Israel. 
  
Esboço de 1 Samuel 
 Último dos Juízes e Primeiro dos Profetas 1.1 - 8.22
   Nascimento e dedicação 1.1 - 2.11
   Eli fracassa com seus filhos 2.12-36
   A primeira revelação a Samuel 3.1-21
   Guerra contra os Filisteus 4.1 - 7.14
   Samuel como Juiz – O povo pede um rei 7.15 - 8.22
  
Saul: o primeiro rei de Israel 9.1 - 15.35
   Unção e Apresentação 9.1 - 10.27
   Batalha, Vitória e escolha 11.1-15
   Samuel deixa seus afazeres seculares 12.1-25
   Reinado consolidado 13.1 - 14.52
   Declínio espiritual 13.1-15
   Sucesso de Jônatas 13.16 - 14.23
   Violação de Jônatas a uma ordem de Saul 14.24-45
   Outras vitórias 14.46 – 48 e 52
   Genealogia 14.49-51
   Campanha punitiva contra os Amalequitas 15.1-35
   Obediência parcial de Saul 15.1-31
   A execução de Agague 15.32-33
   Rejeição de Saul 15.34-35
  
Davi 16.1-33.13
   A escolha de Davi 16.1-23
   Davi e Golias 17.1-54
   Parentesco de Davi e Saul 17.55 - 20.42
   Amizade com Jônatas 18.1-7
   Hostilidade de Saul 18.8 - 19.17
   Fuga de Davi 19.18-24
   Intervenção de Jônatas 20.1-42
   O Exílio de Davi 21.1 - 25.44
   Davi recebe ajuda do Sumo Sacerdote 21.1-15
   Novas pessoas com Davi 22.1-5
   Vingança de Saul contra Abimeleque 22.6-23
   Davi livra os homens de Queila 23.1-14
   Davi poupa a vida de Saul 23.15 - 24.22
   A morte de Samuel 25.1
   Davi e Nabal 25.2-44
   Davi poupa a vida de Saul mais uma vez 26.1-25
   Davi se estabelece em Ziclague 27.1-12
   Saul Busca a médium de Endor 28.1-25
   Os Filisteus se recusam a confiar em Davi 29.1-11
   Saque de Ziclague e perseguição por Davi 30.1-31
  A derrota e morte de Saul e Jônatas 31.1-13


sábado, dezembro 24, 2011

O cheiro de Deus


Está no Portal Evangélico Compartilhando Na Web 07/07/2006.


Um vento frio dançava ao redor da noite enquanto o médico caminhava pelo pequeno hospital até o quarto de Diana.

Ainda meio grogue por causa da cirurgia, seu marido David segurava sua mão, esperavam pelas últimas notícias. Naquela tarde de 10 de março de 1991, complicações tinham forçado Diana, com apenas 24 semanas de gravidez, a sofrer uma cesariana de emergência, trazendo ao casal a nova filha, Danae.

Com apenas 31 centímetros e pesando só 711 gramas, eles sabiam que ela era  perigosamente prematura. As palavras do médico caíram como bombas,

- Eu não acredito que ela sobreviverá. Disse ele, tão bondosamente quanto ele podia.

- Há apenas 10 por cento de chances dela passar por esta noite, e mesmo então, se por alguma remota possibilidade ela sobreviver, seu futuro pode ser muito cruel.

Entorpecidos e incrédulos, David e Diana escutaram o médico descrever os  problemas que Danae enfrentaria se sobrevivesse. Ela nunca andaria, ela nunca falaria, ela provavelmente seria cega, e certamente estaria entre a  paralisia cerebral e o total retardamento mental.

- Não! Não! Foi tudo o que Diana pode dizer.

Ela e David, com seu filho Dustin de 5 anos, muito sonharam com o dia em que teriam uma filha. Agora, em questão de horas, o sonho se perdia. Durante a madrugada, enquanto Danae agarrava-se ao tênue fio de vida,  Diana, entre um sono e outro, via crescer a ideia de que sua minúscula  filha viveria e viveria para ser uma menina feliz e saudável.

Mas David, plenamente acordado, sabia que deveria confrontar sua esposa com o inevitável. David então disse que precisavam conversar sobre o enterro.

Diana disse,

- Não, eu não quero escutar o que os médicos dizem; Danae não morrerá! Um dia ela estará bem e voltará para casa conosco! Como que levada pela determinação de Diana, Danae agarrou-se a vida, hora  após hora, com a ajuda de todas as máquinas e maravilhas que seu corpo em  miniatura podia suportar.

Por ter o sistema nervoso subdesenvolvido, o mais leve beijo ou carícia só intensificavam o incômodo de Danae. Então não podiam sequer levantá-la do berço para oferecer a força de seu amor. Tudo o que podiam fazer, era orar pedindo à Deus que ficasse bem pertinho de sua menininha preciosa.

Com o passar das semanas, Danae ganhou um pouco de peso e força. Quando completou dois meses, seus pais puderam dar-lhe o primeiro abraço. E dois meses mais tarde, embora médicos continuassem a advertir que suas possibilidades de sobrevivência eram remotas, Danae foi para casa, assim como sua mãe tinha predito.

Hoje, Danae é uma pequenina menina, mas exuberante com resplandecentes olhos acinzentados e um insaciável entusiasmo pela vida. Ela não mostra nenhum sinal de qualquer dano mental ou físico. Simplesmente, é tudo o que uma menininha pode ser.

Numa quente tarde do verão de 1996, Danae estava sentada nas arquibancadas de um estádio, assistindo ao jogo do time de Dustin, seu irmão. Como sempre, Danae tagarelava sem pausa com sua mãe e com os outros adultos sentados por perto, quando, de repente, ela se deixou cair silenciosa.

Abraçada e com a cabeça encostada ao peito da mãe, Danae perguntou,

- Está sentindo este aroma?

Cheirando o ar e detectando a aproximação de um temporal, Diana respondeu,

- Sim, cheiro de chuva. Danae fechou os olhos e novamente perguntou,

- Você está sentindo este cheiro?

Mais uma vez, sua mãe respondeu,

- Sim, acho que vamos nos molhar, é cheiro de chuva.

Danae sacudiu a cabeça, e falou bem alto,

- Não, é o cheiro Dele. É o cheiro de Deus que eu sinto quando coloco a cabeça em Seu peito.

Lágrimas molharam os olhos de Diana enquanto Danae alegremente pulou para baixo e foi brincar com as outras crianças.

Antes das chuvas chegarem, as palavras de sua filha confirmaram o que Diana e toda a família já sabia, pelo menos em seus corações, desde o início. Durante aqueles longos dias e noites de seus primeiros meses de vida, quando seus nervos eram por demais sensíveis para que pudessem tocá-la, Deus segurava Danae contra Seu peito e é Seu perfume de amor que ela se lembra tão bem.


quarta-feira, dezembro 21, 2011

Comentário de livro Biblico: Rute

 Está no Portal Evangélico Compartilhando Na Web 23/07/2007.


Autoria e Data
O livro revela apenas seu cenário. Em 1.1 lemos: “Nos dias em que julgavam os juízes...”. Isso nos faz pensar que o livro foi escrito depois desse tempo, uma vez que é citado que a história aconteceu quando os juízes julgavam a terra. Isso nos mostra que o livro foi escrito depois do tempo dos juízes, mas a história relatada se deu durante esse período. E apesar de se passar no período dos juízes, o livro relata a genealogia de Davi no final, dando-nos a certeza que realmente foi escrito em período posterior aos juízes, quando Davi já tinha sua importância em Israel, pois se assim não fosse, não seria citado dessa forma (4.13-22).

A tradição rabínica assegura que Samuel escreveu o livro na segunda metade do século XI a. C. Já o pensamento crítico mais recente sugere uma data pós-exílica bem mais tardia (cerca de 500 a. C.).

Mas a ideia que Samuel (ou alguém ligado a ele) tenha escrito o livro é muito plausível. Podemos imaginar que Samuel, que testemunhou o declínio do reinado de Saul e foi divinamente instruído para ungir Davi como escolhido de Deus para o trono, tivesse realmente o livro, na tentativa de mostrar a provisão de Deus na vida de pessoas simples e com dificuldades, para que o povo pudesse entender o quanto o Senhor amava seu povo. A ideia era mostrar a genealogia de Davi, que a conclui o livro, para indicar a clara conexão entre no novo rei os patriarcas, oferecendo assim uma resposta a todos aqueles que, em Israel, indagassem pelo passado familiar do seu rei. Sem contar, é claro, com mais uma vez a provisão de Deus na vida de um personagem que auxilia na mudança da vida do povo, como foi com Abraão (saindo de casa e tendo seu nome mudado), Jacó, José (vendido como escravo, dado como morto para seu pai e provê o sustento de sua família), Moisés (tirado do rio e criado na casa de Faraó, quando a ordem era matar todos os meninos hebreus que nascessem)... Davi vem de uma família onde os homens morreram, deixaram as mulheres viúvas e sem filhos, fora de sua terra (no caso de Noemi), uma das noras resolve continuar com a sogra, mesmo sem perspectivas de melhoria na vida (numa sociedade onde o homem deve prover o sustento), é rejeitada pelo primeiro na linha da remissão, mas encontra o cuidado do Senhor, mesmo diante das adversidades, para dar sequência a essa história e permitir ao povo de Israel o grande líder Davi.

O livro 
O livro possui 4 capítulos e 85 versículos:

- Primeiro capítulo (22 versículos): Um homem sai de sua terra com a sua família. Elimeleque, Noemi, Malom e Quiliom. Passado algum tempo, Elimeleque morre e Noemi fica com seus dois filhos que se casam com Rute e Orfa. Mais algum tempo, Malom (marido de Rute) e Quiliom (marido de Orfa) também morrem e, Noemi sabendo que a situação em sua terra melhorara, resolve voltar. Nada mais justo que ela, Noemi resolvesse dizer as suas noras que ficassem. Orfa acaba ficando; Rute não. Rute aí demonstra uma prova de fidelidade e amor muito grande a sua sogra, pois resolve ir para uma terra para ela estranha, mesmo sabendo que Noemi não teria possivelmente outros filhos (uma vez que era prática que uma viúva se casasse com outro irmão do falecido) e decide ficar com ela até a morte (v. 17). 

- Segundo capítulo (23 versículos): Rute agora demonstra respeito a Noemi, pois procura com ela a permissão para ir fazer algo no que diz respeito ao trabalho. Boaz, dono do campo onde Rute estava, procura saber quem é ela e também a ajuda, dando-lhe permissão para continuar e dando ordens aos outros que deixassem algo para ela. Noemi se alegra ao saber que Boaz recebera Rute dessa forma, pois era ele parente dela e, como tal, passava a ser o possível remidor (Aquele que iria ajudar a uma viúva. Existia uma ordem que ia desde o parente mais próximo do falecido – irmão, até o parente mais distante) delas pela lei. Noemi, que já tinha se chateado muito com tudo o que acontecera (as mortes), começa a ver a mão do Senhor operando bênçãos com relação a ela e Rute.

- Terceiro capítulo (18 versículos): O fato de Rute continuar respeitando o que Noemi fala, faz com que ela, com sua obediência, continue achando graça aos olhos de Boaz. Este, por sua vez, se sente tocado em ajudar a Rute e Noemi. Mas havia um outro parente mais próximo de Noemi que, pela lei, seria o primeiro a ter que tomar a iniciativa de ajudar a Noemi e Rute. Boaz diz a Rute que vai procurar esse parente e, se ele não se dispuser a ajudar, ele, Boaz, fará e também tomaria Rute por sua mulher.

- Quarto capítulo (22 versículos): Boaz procura o parente mais próximo que diz que não irá ser o remidor de Rute e Noemi, porque não queria que Rute causasse problemas à sua herdade. O parente mais próximo, num primeiro momento, diz cuidar de Noemi, mas ao saber de Rute, entrega a responsabilidade, como mandava a lei, com testemunhas, para Boaz. Este se casa com Rute e tem com ela um filho, Obede, que seria, mais tarde, avô de Davi.

Esboço de Rute
I. Uma família hebraica em Moabe 1.1-22
  Dor e sofrimento 1.1-5
  Dedicação e promessa de Rute 1.6-18
  Retorno a Belém 1.19-22

II. Uma mulher humilde no campo da colheita 2.1-23
  Rute no campo de Boaz 2.1-3
  Generosidade e proteção de Boaz 2.4-17
  Noemi reconhece o cuidado de Deus 2.18-23

III. O cuidado de Deus 3.1-18
  Orientação de Noemi 3.1-5
  Obediência de Rute 3.6-13
  Recompensa pela obediência 3.14-18

IV. Parente e remidor 4.1-22
  Boaz, o remidor escolhido por Deus 4.1-12
  Casamento de Boaz com Rute 4.13
  Benção de Deus sobre Noemi 4.14-17
  Genealogia de Davi 4.18-22